Advogado, do latim ad vocatus, significa o que foi chamado. No Direito Romano, designava a terceira pessoa, chamada pelo litigante, para falar em seu favor ou defender seus interesses perante o juízo.

Entre nós, é profissão regulamentada pelo Estatuto da Advocacia e a OAB. Ser chamado de Advogado e exercer a atividade da Advocacia é reservado aos inscritos na OAB. Somente esses podem exercer, com exclusividade, as seguintes atividades: postulação em qualquer órgão do Poder Judiciário, consultoria, assessoria ou direção jurídica.

Ao lado dos Juízes e Promotores, os Advogados fazem parte do Poder Judiciário, um dos três poderes do Estado. Sem eles este Poder não existe.

A Advocacia é diferenciada das demais profissões, em razão de características como: indispensabilidade; inviolabilidade; múnus público; parcialidade e onerosidade mínima obrigatória. Consoante artigo 133 da Constituição Federal, o Advogado é indispensável à administração da Justiça, porquanto tem ele poder estatal para provocar a Jurisdição e fazer com que o Estado aja de determinada forma na solução de conflitos.

Em verdade, mesmo quando nada faz, o Advogado é essencial. Simplesmente saber que ele existe e que pode ser encontrado, preserva a paz social. Em resguardo do Estado de Direito, é ele quem evita que as pessoas façam justiça pelas próprias mãos.

Em períodos de exceção ou em regimes autoritários, a indispensabilidade do Advogado é ainda mais sentida, já que é ele o responsável pela luta em defesa dos direitos fundamentais de toda a sociedade, das liberdades e das garantias individuais.

Deveras, o Advogado, agindo de forma indispensável ao pacto social, é capaz de fazer a conexão entre o ser humano e o Estado e entre os próprios seres humanos. Assim como em Roma, revela-se hoje: ad auxilium vocatus (chamado a ajudar)!

Ainda que atendendo pessoas jurídicas ou mesmo o próprio Estado, o Advogado sempre tutelará afinal interesses do ser humano. Aquele que é dotado de emoções, sentimentos, vontades, história de vida, valores morais e éticos. Esta é a principal matéria prima da Advocacia: a mente e a alma humana.

Hoje, e cada vez mais, estamos diante de muitas mudanças trazidas pelas inovações tecnológicas. A quarta revolução industrial bate em nossas portas com velocidade espantosa: algumas profissões não existirão; veículos autônomos; impressão em 3D; inteligência artificial e interconexão digital de objetos com a rede de computadores.

Ninguém duvida que a Advocacia, assim como todo o Poder Judiciário, está se adaptando às mudanças decorrentes desta gigantesca, intensa e transformadora revolução. A consulta a maiores banco de dados, o processo digital e a troca imediata de informações são realidades presentes. Tudo já é e será diferente. A tecnologia chegou para incrementar e favorecer o desenvolvimento da nossa profissão.

O Advogado, porém, continuará a ser indispensável.

Acreditamos que nada substituirá a interação humana e social quando se trata de movimentar um processo judicial. Desde a elaboração de uma peça processual, passando por um despacho reservado com o Juiz, a atuação nas audiências em que é discutida a causa e são ouvidas pessoas, as alegações finais decorrentes da prova, a sustentação oral dos recursos nos Tribunais, a Defesa no Tribunal do Júri. Nem a atividade de consultoria será eficaz e satisfatória sem a presença do Advogado. Diante disso, somos inclinados a acreditar que não haverá substituto para o que é próprio do ser humano e a sociedade onde convive: a Advocacia.

Entendemos que a perspicácia, a sagacidade, a lucidez, o discernimento, a sensibilidade, o bom senso, entre outras qualidades próprias do ser humano, são – e serão – ainda mais os diferenciais no futuro.

É nisso que acreditamos e é por isso que a Advocacia sempre nos fascinou e continuará fascinando. Estaremos sempre aqui para atender ao chamado e representar os interesses daqueles que precisarem hoje e futuramente. Somos, sobretudo, Advogados.

Dr. Salvador Scarpelli Junior.